Como líder de Recursos Humanos, aprendi que não basta criar estruturas eficientes ou processos bem desenhados — é preciso cultivar vínculos. Em tempos em que tanto se fala sobre performance, inovação e produtividade, muitas empresas esquecem que o verdadeiro diferencial competitivo pode estar em algo mais simples (e poderoso): a qualidade das conexões humanas no trabalho e das relações humanas no ambiente de trabalho. E isso não é apenas um discurso bonito. Dados confirmam que laços interpessoais impactam diretamente o engajamento, a saúde mental e, por consequência, os resultados organizacionais.

Um estudo recente da Gallup mostra que colaboradores que têm amizades no trabalho são até sete vezes mais engajados. Isso acontece porque a sensação de pertencimento e apoio mútuo gera confiança, colaboração e propósito — elementos-chave para manter equipes motivadas, especialmente em ambientes híbridos ou remotos. Ignorar esse aspecto é um erro estratégico. Em vez de tratar as relações interpessoais como meras “questões de cultura”, devemos reconhecê-las como fatores críticos de desempenho.

Conexões Humanas no Trabalho: essenciais para saúde e engajamento

Essa discussão torna-se ainda mais urgente diante do cenário preocupante da saúde mental no Brasil. Em 2024, o país registrou o maior número de afastamentos por transtornos psíquicos da última década: 472 mil licenças concedidas, um salto de cerca de 67% em relação ao ano anterior, segundo o Ministério da Previdência Social.

Um número que revela não apenas um problema de saúde pública, mas também um alerta para o ambiente organizacional. Solidão, falta de vínculos e relações tóxicas no trabalho estão entre os gatilhos silenciosos desse adoecimento.

Não estamos falando apenas de “cuidar melhor das pessoas”, mas de redesenhar a forma como elas se conectam. O modelo sugerido por Kasley Killam, especialista em conexões humanas e autora do livro "The Art and the Science of Connection", apresentado no SXSW 2025, chamado de “regra 5-3-1”, propõe cinco interações sociais por semana com colegas, três relações profissionais próximas e pelo menos uma conversa profunda a cada sete dias. É um guia simples, mas eficiente, para criar uma cultura de proximidade real — e não apenas de convivência protocolar.

Outro ponto importante é repensar o que valorizamos como comunicação interna. A pesquisadora Amy Gallo, especialista em ambiente de trabalho e autora da Harvard Business Review, defende a ideia da “fofoca positiva”: espalhar intencionalmente histórias de sucesso e elogios sobre colegas.

Conexões humanas: o alicerce do futuro do trabalho

Isso ajuda a construir ambientes em que o reconhecimento circula informalmente e se transforma em reputação, engajamento e segurança emocional. Em um tempo em que o turnover custa caro e a retenção virou um desafio global, relações genuínas podem ser o elo que impede a ruptura entre pessoas e empresas.

Como CHRO, minha convicção é clara: o futuro do trabalho está menos em ferramentas e mais em afetos. Investir em tecnologia sem investir em vínculos é como construir castelos sobre areia.

Se queremos organizações mais saudáveis, inovadoras e resilientes, precisamos tratar as conexões humanas como um ativo estratégico — e não como um bônus cultural. Porque, no fim, é entre uma pausa para o café e uma conversa significativa que nascem as ideias mais valiosas — e os times mais fortes.

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Por Marcello Amaro, CHRO da P3, uma plataforma de gestão de pagamentos para mais de 2000 empresas da América Latina.

 



🎧 No episódio 168 do RHPraVocê Cast, mergulhamos na discussão sobre a presença dos sentimentos emocionais no ambiente corporativo. Por que esse tema é tão espinhoso? E como as emoções afetam o engajamento, a produtividade e as finanças das empresas?

O Desafio de Abordar Emoções no Trabalho

Falar sobre os sentimentos emocionais no escritório é como navegar por um território delicado. Afinal, a felicidade, a tristeza e outras emoções permeiam cada aspecto da jornada profissional. Mas como lidar com elas de forma construtiva?

O Papel do Líder e do RH

Nossa conversa destaca o papel crucial dos líderes e do departamento de Recursos Humanos. Certamente, eles têm a responsabilidade de criar um ambiente onde as emoções sejam reconhecidas, compreendidas e gerenciadas. Afinal, emoções impactam diretamente o desempenho e o bem-estar dos colaboradores.

Entrevista com Especialistas

Neste episódio, convidamos duas especialistas da Coppead/UFRJ: Paula Chimenti, Professora e Coordenadora do Centro de Estudos em Estratégia e Inovação, e Fernanda Souza, doutoranda e pesquisadora. Assim elas compartilham insights valiosos sobre como abordar o tema dos sentimentos emocionais nas organizações.

Confira o episódio completo. Em suma, descubra como a gestão dos sentimentos emocionais pode ser um diferencial competitivo para as empresas!

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