Burnout pode ser "oportunidade" para transformação pessoal e maior equilíbrio
O burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, tornou-se um tema amplamente discutido no Brasil nos últimos anos. Caracteriza-se por um estado de exaustão extrema e sentimentos de negatividade em relação ao trabalho, resultantes de estresse crônico no ambiente profissional.
Além disso, dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) indicam que, entre 2014 e 2023, os afastamentos por burnout aumentaram quase 1000%. No entanto, esse número pode ser subestimado, considerando os casos não diagnosticados ou não reportados.
Burnout: Um marco na jornada de transformação pessoal
Minha trajetória pessoal reflete essa realidade. Aliás, iniciei minha carreira aos 14 anos como balconista, em troca de aulas de lógica e programação como pagamento. Foi assim que ingressei no universo da tecnologia e das conexões humanas.
Aos 22, tornei-me um dos primeiros consultores de Oracle EBS em Manufatura e Supply Chain no Brasil. Por 15 anos, mantive um ritmo de trabalho intenso, dedicando em média 350 horas mensais a projetos para empresas renomadas como GE, Yamaha e IBM. Entretanto, em 2014, durante uma auditoria em um grande projeto de ERP para uma empresa de transporte urbano em São Paulo, alcancei o ápice do esgotamento. Como resultado, o burnout se manifestou.
Esse episódio me obrigou a reavaliar minhas prioridades. Além disso, levou-me a compreender que a verdadeira alta performance não se resume a longas jornadas de trabalho, mas sim ao equilíbrio entre saúde física, mental e espiritual, família e carreira.
Iniciei, então, uma jornada de autoconhecimento, incorporando à minha rotina atividades físicas regulares, meditação e leitura. A leitura, em particular, ampliou minha empatia e capacidade de pensar de forma inovadora, permitindo-me reavaliar crenças limitantes e redefinir meus valores e propósitos.
Burnout e Transformação: equilíbrio na liderança e vida
Ironicamente, a transformação pessoal iniciada após o burnout culminou na fundação da Revna, empresa na qual atualmente sou CEO. Hoje, especialmente como pai, valorizo profundamente o tempo de qualidade com a família. Por exemplo, acredito que, em vez de levar as crianças para o ambiente de trabalho no Dia das Crianças, devemos incentivar que os pais criem memórias significativas com seus filhos fora do escritório.
Minha experiência pode servir de exemplo para outros executivos, destacando a importância de priorizar a saúde, os relacionamentos e a busca por um propósito de vida. Por isso, após a doença, percebi que a verdadeira liberdade reside na disciplina e na coragem de assumir o controle de nossas vidas.
Vivemos em uma sociedade que promove a ideia de que felicidade e realização estão diretamente ligadas ao sucesso financeiro, à produtividade incessante e ao acúmulo de bens. Consequentemente, milhões de pessoas encontram-se presas em um ciclo vicioso: trabalham para ganhar dinheiro, gastam para impressionar, endividam-se para manter uma imagem e, no fim, sentem-se esgotadas e vazias.
A engrenagem nunca para, e quem ousa desacelerar corre o risco de ser deixado para trás. Esse sistema nos condiciona a buscar felicidade onde ela não está. O dinheiro, que deveria ser um meio para a liberdade, tornou-se um fim em si mesmo.
Está na hora de desacelerar e redefinir o que significa viver bem?
A tecnologia, que prometia facilitar nossas vidas, aumentou nossa carga mental e emocional. As empresas, que pregam bem-estar e diversidade, muitas vezes operam como máquinas impiedosas, exigindo cada vez mais, prometendo equilíbrio, mas entregando um ambiente de alta pressão e ansiedade.
No centro dessa equação está um fenômeno silencioso e devastador. O filósofo sul-coreano Byung-Chul Han, em sua obra "A Sociedade do Cansaço", caracteriza a sociedade atual como um cenário patológico de distúrbios neurais, como depressão e esgotamento. Além disso, ele aponta que esses problemas resultam de um excesso de positividade e da pressão por desempenho constante.
Para romper com esse ciclo, é necessário coragem para questionar as regras do jogo, redefinir prioridades e entender que dinheiro, status e reconhecimento não valem uma vida inteira de exaustão.
O sucesso não é sinônimo de sacrifício extremo; produtividade sem propósito é escravidão disfarçada. Descansar não é preguiça. A verdadeira liberdade está em ter tempo para o que realmente importa.
Chegou a hora de desacelerar, sair da corrida insana e redefinir o que significa viver bem. No final das contas, a pergunta mais importante não é "o que você conquistou?", mas sim, você está realmente vivendo?
Por Éric Machado, CEO da Revna e especializado em gestão de Tecnologia da Informação (TI) e Supply Chain. Com quase 30 anos de experiência e conhecido por ser um dos primeiros consultores de Oracle EBS e Supply Chain do Brasil, além de já ter atuado em grandes companhias como General Eletric (GE), Xerox, Yamaha, Toyota, Globo, Epson, IBM, Deloitte, LATAM, Cummins e Meritor.
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CLT Premium: Moda ou Transformação Necessária na Cultura de Trabalho Brasileira?
Você já ouviu falar em CLT Premium? Então, este conceito, que recentemente ganhou força nas redes sociais, representa uma mudança significativa na forma como os benefícios são oferecidos aos profissionais. Certamente, não se trata de “ostentação”, mas sim de proporcionar mais conforto e valorização aos colaboradores.
O Que é CLT Premium?
A CLT Premium remete a uma nova abordagem na oferta de benefícios, focada em proporcionar mais conforto e valorização aos colaboradores. Em suma, este conceito tem ganhado popularidade nas redes sociais e está mudando a forma como as empresas pensam sobre benefícios.
Integração da CLT Premium nas Organizações Brasileiras
Será que esse conceito pode facilmente integrar a realidade das organizações brasileiras? Nesse sentido, Bruno Carone, CEO da Férias &Co, nos conta mais sobre essa tendência e suas implicações para o mercado de trabalho.
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