O Dia Internacional das Mulheres é um momento importante para refletir sobre conquistas e mudanças necessárias para garantir a equidade de gênero. Um tema que merece mais atenção é o impacto do ciclo menstrual no trabalho, pois ele influencia diretamente a produtividade e o bem-estar de milhões de profissionais ao redor do mundo. Abordar o ciclo menstrual no trabalho de forma aberta é essencial para promover ambientes mais inclusivos e acolhedores.
Apesar de ser uma experiência biológica comum a grande parte da população global, a menstruação continua sendo um tabu dentro das empresas. O desconhecimento e a falta de políticas inclusivas fazem com que muitas pessoas que menstruam, em sua maioria Mulheres, enfrentem desafios diários que impactam sua performance, saúde e bem-estar. Mas como podemos transformar esse cenário e criar um ambiente verdadeiramente inclusivo e saudável?
O Ciclo Menstrual e seu impacto no trabalho
Cólica intensa, fadiga, enxaqueca, oscilações hormonais, desconforto emocional. Esses são apenas alguns dos sintomas que muitas pessoas enfrentam todos os meses. Segundo pesquisas, cerca de 80% das mulheres relatam algum nível de desconforto durante o período menstrual, e em torno de 20% sofrem com dores incapacitantes. No entanto, a cultura do silêncio e da invisibilidade faz com que esses desafios sejam tratados como irrelevantes no ambiente corporativo.
O resultado? Absenteísmo, menor produtividade, dificuldades de concentração e, muitas vezes, a necessidade de esconder o desconforto para evitar julgamentos e principalmente punições. O impacto vai além da individualidade, afetando equipes, dinâmicas organizacionais e, consequentemente, o desempenho da empresa.
Por que o Ciclo Menstrual ainda é um Tabu?
A sociedade historicamente condicionou a menstruação como um assunto privado, muitas vezes associado à fraqueza, impureza ou instabilidade emocional. Essa construção cultural perpetuou-se no mundo corporativo, onde temas como desempenho, entrega e produtividade muitas vezes não levam em conta as particularidades biológicas dos colaboradores de ambos os gêneros.
Além disso, o tema não faz parte da pauta da maioria das lideranças, predominantemente masculinas, que raramente enfrentaram o desafio de conciliar um ciclo menstrual com demandas profissionais. A grande maioria nem se quer pensou em perguntar às suas colaboradoras sobre quais necessidades elas tem em tal momento. O medo de julgamentos e a falta de espaços seguros para discussão agravam o problema, mantendo-o ignorado nas políticas corporativas.
O que as empresas podem fazer para serem mais inclusivas?
A boa notícia é que há diversas formas de tornar o ambiente de trabalho mais acolhedor para pessoas que menstruam, garantindo não apenas o respeito às suas necessidades biológicas, mas também maior engajamento e produtividade. Algumas ações incluem:
1. Implementar políticas de licença menstrual
Empresas em países como Japão, Coreia do Sul e Espanha já adotam a licença menstrual, permitindo que profissionais possam tirar um ou dois dias de folga quando necessário. O Brasil ainda não tem regulamentação nesse sentido, mas companhias que se preocupam com bem-estar e diversidade podem implementar essa política voluntariamente.
2. Criar espaços e recursos adequados
Banheiros limpos e equipados com absorventes gratuitos, espaços de descanso e a possibilidade de flexibilizar horários e reduzir o número de reuniões em dias de maior desconforto são medidas simples, mas que fazem grande diferença.
3. Educação e sensibilização
Promover treinamentos e rodas de conversa sobre o tema é essencial para quebrar o tabu. Educação menstrual dentro das empresas contribui para um ambiente mais respeitoso e empático.
4. Normalizar o tema no dia-a-dia Corporativo
Inserir o tema em pautas de diversidade e inclusão, permitir que pessoas que menstruam possam expressar suas necessidades sem medo de retaliação e construir um ambiente de escuta ativa são passos fundamentais para uma mudança estrutural.
O benefício para todos: Produtividade e Saúde como centro da estratégia
Muitos gestores ainda enxergam a pauta como um benefício exclusivo para pessoas que menstruam, mas a realidade é que a inclusão desse tema gera impacto positivo para toda a organização. Ambientes de trabalho que respeitam a diversidade biológica de seus colaboradores, não apenas ao redor deste tema, mas de outros como Neurodivergências e outras necessidades específicas, tornam-se mais saudáveis, colaborativos e produtivos.
Além disso, empresas que priorizam o bem-estar atraem e retêm talentos, fortalecem sua marca empregadora e demonstram comprometimento genuíno com a equidade de gênero.
Está na Hora de Mudar
Se queremos um ambiente corporativo verdadeiramente inclusivo, precisamos falar sobre o ciclo menstrual sem medo ou preconceito. Criar políticas que respeitem as necessidades biológicas dos colaboradores não é apenas uma questão de justiça social e Saúde Pública, mas também uma estratégia inteligente para potencializar a produtividade e o engajamento.
Não queremos mais discursos vazios, flores e bombons em um dia do ano. Queremos mudanças reais, queremos um ambiente de trabalho que entenda e respeite nossas necessidades todos os dias. Porque equidade de gênero não se constrói com homenagens superficiais, mas com ações concretas.
E você, já pensou em organizar o seu clima organizacional para respeitar o Ciclo Menstrual?
Por Ana Carolina Z. Quiroz, Palestrante, Mentora de Startups e Desenvolvedora especializada em soluções de IA. CEO da Startup Budd.ie App onde desenvolveu o Bot amigo-terapeuta Buddie. Além disso, hoje também lidera a a Software House The Outsider Hub, já atuou em diversas áreas do mercado nacional e internacional e está entre as top 120 founder to Watch do mundo pelo Aurora Tech Awards 2025.
🎧 No episódio 168 do RHPraVocê Cast, mergulhamos na discussão sobre a presença dos sentimentos emocionais no ambiente corporativo. Por que esse tema é tão espinhoso? E como as emoções afetam o engajamento, a produtividade e as finanças das empresas?
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Neste episódio, convidamos duas especialistas da Coppead/UFRJ: Paula Chimenti, Professora e Coordenadora do Centro de Estudos em Estratégia e Inovação, e Fernanda Souza, doutoranda e pesquisadora. Assim elas compartilham insights valiosos sobre como abordar o tema dos sentimentos emocionais nas organizações.
Confira o episódio completo. Em suma, descubra como a gestão dos sentimentos emocionais pode ser um diferencial competitivo para as empresas!
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