Sem diversidade, sem progresso: os perigos do encerramento dos programas de DEI

Os programas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) têm desempenhado um papel fundamental na promoção de um ambiente de trabalho mais justo e igualitário. No entanto, o encerramento dessas iniciativas levanta preocupações significativas, especialmente sob a perspectiva da legislação trabalhista e do impacto social nas relações de trabalho.

Esses programas contribuem diretamente para a inclusão de grupos historicamente marginalizados, como mulheres, negros, LGBTQIA+ e pessoas com deficiência. Quando uma empresa decide encerrar essas iniciativas, há um potencial retrocesso nas políticas de igualdade. Além disso, a legislação trabalhista brasileira exige que as empresas garantam condições igualitárias, o que inclui a prevenção da discriminação e a promoção da diversidade. Sem essas iniciativas, o atendimento às exigências pode ser prejudicado.

Falta de DEI: assédio e desigualdades em alta

O ambiente de trabalho pode se tornar mais propenso a casos de assédio com o fim dos programas de DEI, pois essas iniciativas ajudam a criar uma cultura de respeito e conscientização. Elas promovem treinamentos para identificar e evitar comportamentos inadequados, estabelecem políticas claras contra discriminação e assédio, além de incentivar uma comunicação aberta sobre esses temas.

Sem essas práticas, pode haver maior tolerância ou negligência em relação a comportamentos problemáticos. Todavia, a ausência de ações voltadas à inclusão pode fortalecer preconceitos e desigualdades já existentes, tornando mais difícil para grupos minoritários denunciarem abusos ou se sentirem protegidos no ambiente corporativo.

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Efetivamente, os trabalhadores podem se proteger juridicamente buscando amparo nas normas existentes, que podem ser esclarecidas ao consultar um advogado de confiança. As denúncias aos órgãos competentes, como o Ministério Público do Trabalho (MPT), desempenham um papel importante. Além disso, elas mantêm a integridade das interações profissionais e asseguram o cumprimento das normas trabalhistas.

Do ponto de vista jurídico, as empresas podem alegar questões financeiras ou a busca por maior eficiência operacional para justificar o fim das iniciativas de DEI. Contudo, práticas discriminatórias ou o descumprimento de obrigações legais podem tornar essa decisão antijurídica. As empresas precisam garantir que suas ações não representem um retrocesso em direitos trabalhistas e sociais.

Encerramento da DEI: impactos globais e locais

Grandes empresas globais, como a META e a Amazon, anunciaram recentemente o encerramento de seus programas de DEI. Nesse contexto, Mark Zuckerberg, CEO da META, afirmou em entrevista: "Energia masculina, eu acho que é boa, e obviamente a sociedade tem bastante disso. Mas acho que a cultura corporativa estava realmente tentando se afastar disso."

Além do mais, a vice-presidente de Recursos Humanos da META afirmou que a decisão foi influenciada pelo "cenário legal e político em evolução" nos Estados Unidos. Esses posicionamentos levantam questionamentos sobre as reais motivações que levaram ao fim dessas iniciativas. Como consequência, eles destacam o impacto potencial, especialmente em contextos internacionais, onde a legislação e as necessidades sociais apresentam diferenças significativas.

As empresas globais que encerram suas políticas de DEI podem gerar impactos negativos para trabalhadores no Brasil, onde há uma legislação específica que protege e sustenta a inclusão. Mesmo que a matriz de uma empresa não priorize essas iniciativas, filiais brasileiras devem cumprir as normas locais. Por esse motivo, elas precisam respeitar exigências como as cotas para pessoas com deficiência e a garantia de equidade.

Ao buscar uma nova oportunidade, é fundamental observar como a empresa trata questões de diversidade e igualdade. Avaliar o histórico da organização em termos de inclusão e analisar seu código de ética pode ajudar a identificar sinais de comprometimento ou negligência quanto à diversidade.

Fim da DEI: riscos e benefícios da Inclusão

Deste modo, o fim das iniciativas de DEI pode ameaçar a implementação efetiva de leis que buscam promover a inclusão de pessoas com deficiência e outros grupos vulneráveis, como a LBI e outras normas. Entretanto, é importante destacar que a LBI é uma lei regulamentada e com baixa possibilidade de revogação, o que significa que, juridicamente, ela não está ameaçada. A verdadeira ameaça a esta lei reside na falta de conscientização sobre sua importância. Empresas que descumprirem a norma podem sofrer sanções legais e perder credibilidade no mercado, o que reforça a necessidade de seu cumprimento integral.

Sem programas de DEI, a sociedade reforça as barreiras históricas enfrentadas por minorias, dificulta o acesso a oportunidades e perpetua desigualdades estruturais. Por outro lado, empresas que investem em diversidade frequentemente colhem benefícios, como maior inovação, engajamento dos colaboradores e reputação positiva.

DEI: inclusão sistêmica e sustentabilidade organizacional

Vale ressaltar que os programas de DEI não têm o objetivo de oferecer empregos a candidatos não qualificados em detrimento de outros. Eles visam abordar barreiras sistêmicas que historicamente excluíram certos grupos, como viéses em recrutamento, promoção e cultura organizacional. Uma iniciativa de DEI bem projetada busca nivelar o campo de jogo, não criar discriminação reversa.

No contexto dos Estados Unidos, fatores políticos parecem influenciar mais a decisão pelo fim das políticas de diversidade do que fatores sociais. Isso destaca a importância de observar atentamente para assegurar o avanço na inclusão e evitar que mudanças de direcionamento prejudiquem as reais necessidades dos trabalhadores e da sociedade.

A eliminação de programas de Diversidade, Equidade e Inclusão representa um risco significativo não apenas para os trabalhadores, mas também para a própria sustentabilidade das empresas. Promover um ambiente inclusivo não é apenas uma questão de cumprir leis, mas de reconhecer que a diversidade enriquece e fortalece as organizações. Portanto, é essencial que empresas, trabalhadores e a sociedade continuem alinhados a esses princípios.

DEI_foto do autor

Por Philipe Marques, Coordenador da Controladoria Jurídica na Nicoli Advogados, com 9 anos de experiência no setor jurídico. Graduado em Direito pela Universidade Salgado de Oliveira e especialista em gestão jurídica e segurança processual. Atua como responsável pela integração dos colaboradores do escritório, com enfoque em segurança processual, tecnologia e automação, promovendo um ambiente de trabalho integrado, comunicativo e colaborativo.



🎧 Ouça o episódio 143 do RH Pra Você Cast: “Inclusão 50+: Oportunidades e Desafios para o Futuro do Trabalho”

O episódio 143 do RH Pra Você Cast mergulha no tema da inclusão etária no ambiente profissional e a construção dos times intergeracionais. Com o título provocativo “Inclusão 50+, bom para o presente e para o futuro (de todos nós)”, exploramos como a coexistência de diferentes gerações pode ser uma força motriz para empresas e profissionais.

O Dilema das Gerações
  1. O Questionamento Pessoal: Imagine-se daqui a cinco ou dez anos. Essa reflexão, frequentemente feita em processos seletivos, não é simples. Especialmente para o público 50+, que enfrenta estereótipos e incertezas quanto ao futuro profissional.
  2. O Choque Geracional: Pesquisas indicam que a interação entre gerações é benéfica para todos. Contudo, como garantir que os profissionais mais experientes não sejam deixados para trás?
Mudando o Panorama
  1. Inclusão como Prioridade: Precisamos mudar a narrativa, pois a inclusão de profissionais 50+ não é apenas uma questão de justiça social. Inegavelmente é também estratégica para as empresas.
  2. Vantagens da Mescla Geracional: A diversidade etária traz criatividade, resiliência e diferentes perspectivas. Como podemos aproveitar esses benefícios?
Conversa com um Especialista

Neste episódio, tivemos a honra de entrevistar Mórris Litvak, Fundador e CEO da Maturi. Com efeito, ele compartilhou insights sobre como desenvolver mecanismos de inclusão e promover um ambiente de trabalho que valorize todas as idades.

🎧 Clique no app abaixo e ouça o episódio completo! Descubra como a inclusão 50+ é uma oportunidade para todos nós construirmos um futuro profissional mais rico e diversificado.

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