A recente atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) no Brasil marca um avanço significativo na proteção da saúde e segurança dos trabalhadores. A partir de maio deste ano, a norma passará a exigir que as empresas avaliem e gerenciem os riscos psicossociais em seus ambientes de trabalho.
Essa mudança reflete uma evolução na forma como as organizações encaram o bem-estar de seus colaboradores, reconhecendo que fatores como estresse, assédio e sobrecarga mental podem ter impactos profundos na saúde mental e na produtividade.
No entanto, para que a NR-1 atinja seu propósito, é essencial que as empresas enfrentem um risco psicossocial frequentemente negligenciado: o racismo. Mais do que uma questão social ou moral, o racismo é um problema de saúde pública que afeta milhões de pessoas e tem consequências devastadoras no ambiente de trabalho.
Os impactos silenciosos do racismo
O racismo no trabalho se manifesta de diversas formas, desde microagressões sutis até atos explícitos de discriminação. Comentários aparentemente inofensivos, mas carregados de estereótipos raciais, podem minar a autoestima e o senso de pertencimento de colaboradores negros. Já o assédio moral, motivado por preconceito racial, visa desestabilizar emocionalmente a vítima, enquanto a discriminação se traduz em tratamento desigual em oportunidades de emprego, promoções e acesso a recursos. A exclusão, por sua vez, isola socialmente e impede a participação em equipes e decisões importantes.
Essas experiências geram impactos profundos na saúde mental dos trabalhadores. O estresse crônico, decorrente da constante necessidade de se proteger contra o racismo, afeta tanto a saúde física quanto a emocional.
A sensação de não pertencimento e as experiências de discriminação podem levar ao desenvolvimento de ansiedade, depressão e baixa autoestima. Além disso, o impacto emocional do racismo compromete a concentração, a motivação e, consequentemente, a produtividade no trabalho.
Para que a NR-1 seja efetivamente implementada, as empresas precisam adotar uma abordagem antirracista, indo além do mero cumprimento da norma. Isso envolve reconhecer que o racismo é um problema real e presente no ambiente de trabalho, diagnosticar práticas e políticas que perpetuam a discriminação e promover educação sobre vieses inconscientes e diversidade.
Ações afirmativas, como políticas de correção de desigualdades históricas, e a criação de canais seguros para denúncias são passos fundamentais. Além disso, é crucial monitorar os resultados das iniciativas implementadas e ajustar estratégias conforme necessário.
A atuação dos líderes e um futuro mais justo
A liderança tem um papel central na construção de um ambiente de trabalho antirracista. Líderes devem servir como exemplos, demonstrando compromisso genuíno com a diversidade e a inclusão. É essencial que intervenham em casos de discriminação, garantindo responsabilização, e promovam diálogos abertos sobre questões raciais. Investir em diversidade, tanto na composição das equipes quanto nas oportunidades de crescimento, é fundamental para criar um ambiente verdadeiramente inclusivo.
A atualização da NR-1 representa uma oportunidade única para que as empresas brasileiras repensem suas práticas e construam ambientes de trabalho mais justos, saudáveis e inclusivos. Ao tratar o racismo como um risco psicossocial crítico, as organizações não apenas cumprem as exigências da norma, mas também promovem o bem-estar de seus colaboradores, aumentam a produtividade e fortalecem sua reputação.
O momento de agir é agora. A NR-1 é um passo importante, mas o verdadeiro progresso depende da vontade das empresas de enfrentar o racismo de frente e promover mudanças significativas.
Por Haroldo Nascimento, Chief Business Officer na Diaspora.Black, uma plataforma inovadora focada em conectar pessoas através da valorização da cultura afro-brasileira. Formado pela Faculdade Zumbi dos Palmares, possui MBA em Negócios de Varejo pela FIA e em Vendas e Negociação pela PUCRS e mestrado em Administração e Desenvolvimento de Negócios pela Universidade Mackenzie. Possui experiência global e já participou de intercâmbios acadêmicos e profissionais no México, África do Sul e Estados Unidos.
🎧 Ouça o episódio 143 do RH Pra Você Cast: “Inclusão 50+: Oportunidades e Desafios para o Futuro do Trabalho”
O episódio 143 do RH Pra Você Cast mergulha no tema da inclusão etária no ambiente profissional e a construção dos times intergeracionais. Com o título provocativo “Inclusão 50+, bom para o presente e para o futuro (de todos nós)”, exploramos como a coexistência de diferentes gerações pode ser uma força motriz para empresas e profissionais.
O Dilema das Gerações
- O Questionamento Pessoal: Imagine-se daqui a cinco ou dez anos. Essa reflexão, frequentemente feita em processos seletivos, não é simples. Especialmente para o público 50+, que enfrenta estereótipos e incertezas quanto ao futuro profissional.
- O Choque Geracional: Pesquisas indicam que a interação entre gerações é benéfica para todos. Contudo, como garantir que os profissionais mais experientes não sejam deixados para trás?
Mudando o Panorama
- Inclusão como Prioridade: Precisamos mudar a narrativa, pois a inclusão de profissionais 50+ não é apenas uma questão de justiça social. Inegavelmente é também estratégica para as empresas.
- Vantagens da Mescla Geracional: A diversidade etária traz criatividade, resiliência e diferentes perspectivas. Como podemos aproveitar esses benefícios?
Conversa com um Especialista
Neste episódio, tivemos a honra de entrevistar Mórris Litvak, Fundador e CEO da Maturi. Com efeito, ele compartilhou insights sobre como desenvolver mecanismos de inclusão e promover um ambiente de trabalho que valorize todas as idades.
🎧 Clique no app abaixo e ouça o episódio completo! Descubra como a inclusão 50+ é uma oportunidade para todos nós construirmos um futuro profissional mais rico e diversificado.
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