O impacto dos pets na dinâmica familiar e no ambiente corporativo

Festas de aniversário com temas infantis, dias nas creches e encontros no parque são atividades comuns. Anteriormente, poderiam ser facilmente atribuídas à agenda de uma família com crianças. Hoje, no entanto, essas atividades também fazem parte da rotina de um novo formato de núcleo familiar: a família multiespécie.

Esse conceito é caracterizado por famílias formadas por humanos e animais de estimação, onde os tutores consideram os pets como membros integrais da família. É uma evolução na relação humano-animal. Além disso, rompe com a visão tradicional de pets como bens de propriedade e os reconhece como seres com direitos, emoções e importância.

O que diferencia a família multiespécie das tradicionais é a mudança nas dinâmicas familiares. Ademais, as necessidades dos animais são reconhecidas e inseridas nas prioridades da família, incluindo tempo e recursos financeiros.

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Fatores socioculturais

Essa transformação tem sido impulsionada por fatores socioculturais, além de uma crescente conscientização sobre os direitos dos animais. Vale destacar que, em uma sociedade cada vez mais individualizada e com espaços de convivência mais digitais, os pets passaram a ocupar o papel de companhia emocional. Consequentemente, muitas pessoas não encontram essa companhia emocional em outros indivíduos.

Humanização dos Pets: estratégia no ambiente corporativo

Em 2020, a pandemia de Covid-19 intensificou bastante essa relação, na época o número de pets nos lares brasileiros cresceu 30%.

Esse processo, conhecido como humanização dos pets, impulsiona a busca por serviços e produtos que promovem o bem-estar animal. Além do mais, há uma demanda crescente por planos de saúde, alimentação especializada e cuidados veterinários regulares.

No ambiente corporativo, esse cenário se tornou uma oportunidade estratégica. No Brasil, onde 72% dos lares possuem pets, segundo pesquisa da Quaest, enxergar a relação humano-pet como uma alavanca para melhorar indicadores ligados à retenção, atração e engajamento é estratégico.

O mercado têm percebido que compreender os perfis de seus empregados e o que realmente entrega valor contribui para melhorar a perfomance e retenção desses profissionais.

Esse movimento é mais perceptível em empresas que já possuem pacotes de benefícios consolidados, como plano de saúde, vale-alimentação, auxílio home office, entre outros. Em adição, buscam diferenciais competitivos em um mercado que exige inovação constante.

Iniciativas Pet-Friendly no ambiente corporativo

Grandes companhias internacionais e nacionais já compreenderam o impacto dos pets na vida profissional dos colaboradores e têm investido em iniciativas inovadoras.

A Amazon, por exemplo, incentiva a presença de cães em seu campus em Seattle, com áreas pet-friendly e espaços de recreação. A Mars, detentora de marcas como Royal Canin, oferece licença PETernidade para colaboradores cuidarem de novos pets. A Purina, com sua iniciativa “Pets at Work”, incentiva a presença dos animais nos escritórios. Por outro lado, a Nestlé e a Gerdau disponibilizam planos de saúde veterinários e ambientes adaptados para o convívio entre pets e colaboradores.

Outros exemplos são a Accenture e Grupo Stefanini que também identificaram que políticas voltadas aos pets ajudam a atrair profissionais com alta empregabilidade, que consideram esse tipo de diferencial na hora de escolher seus próximos passos de carreira.

Apesar dos grandes exemplos, ainda é comum encontrar resistências dentro das empresas, principalmente quando tomadores de decisão não compartilham do mesmo apreço pelos animais. Por outro lado, alguns tomadores de decisão podem não perceber o valor estratégico dessa relação.

Personalização de benefícios para colaboradores com pets

Nesse contexto, é importante que líderes empresariais separem suas opiniões pessoais das necessidades reais de seus colaboradores, cujas dinâmicas familiares podem ser distintas.

Pesquisas internas de mapeamento familiar ajudam a identificar o perfil dos colaboradores e embasam os RHs na hora de propor projetos como esses às diretorias.

Entender se os colaboradores têm mais pets do que filhos humanos e quais benefícios entregariam mais valor a eles é fundamental para decisões assertivas e alinhadas às expectativas do time.

Vale destacar que os colaboradores que mais valorizam esse tipo de benefício são aqueles na faixa etária entre 28 e 34 anos, um público que muitas vezes prioriza ter pets em vez de filhos humanos.

A personalização dos benefícios, alinhada aos valores e expectativas dos colaboradores, é uma estratégia para combater um dos maiores desafios enfrentados pelos RHs: o alto índice de turnover.

Benefícios Pet-Friendly: redução de rotatividade e custos

Em 2024, o Brasil registrou um recorde de 6,5 milhões de demissões voluntárias entre janeiro e setembro. A nova geração de profissionais de 18 a 24 anos prioriza flexibilidade, melhores salários e uma integração mais equilibrada entre vida pessoal e profissional. Consequentemente, eles impulsionaram o recorde de 6,5 milhões de demissões voluntárias no Brasil entre janeiro e setembro de 2024.

Diante desse cenário, oferecer benefícios que ressoem com os valores individuais dos colaboradores deixou de ser uma simples tendência e passou a ser uma estratégia indispensável para reduzir a rotatividade e os custos associados.

Impossível ignorar a transformação gerada pela família multiespécie, bem como seus reflexos na cultura e sociedade. Neste contexto, a paixão animal dos colaboradores se tornou um ponto estratégico para as empresas que buscam inovação em suas políticas de benefícios.

Com um olhar atento para a realidade dos profissionais e para as novas dinâmicas familiares, investir em políticas voltadas aos pets é uma decisão estratégica. Por conseguinte, isso impacta diretamente o engajamento, a produtividade e a retenção de talentos, criando um diferencial competitivo em um mercado cada vez mais exigente.

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Por Martha Rodrigues, CEO da Guapeco.

 

 

 

 


🎧 Ouça o Episódio 202 do Podcast RHPraVocê Cast
O que fazer para aumentar o engajamento nas organizações?

"Engajamento" é uma das palavras do momento no universo corporativo. Não é para menos. Afinal, será que ainda dá para falar em produtividade, lucro e propósito sem engajar as pessoas? A resposta é clara: não. Portanto, o que as organizações podem fazer para fortalecer essa métrica? Como ter os colaboradores cada vez mais engajados?

Para responder não só essas perguntas, mas também para definir o que é necessário para engajar com sucesso, falamos com Roberta de Oliveira, Diretora Global da Betterfly. Confira o papo!

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