A fronteira generativa que as práticas de RH devem atravessar para construir "trabalho sustentável"

Organizar o trabalho e gerir as pessoas de maneira sustentável continua a ocupar, após a pausa de verão, um lugar de destaque nas agendas de gerentes e funções de RH. Vemos repetir-se, ou assumir dimensões mais relevantes, práticas que indicam que o esforço nessa direção ainda é insuficiente.

Algumas evidências: as mortes e os acidentes de trabalho ocupam frequentemente as manchetes e as notícias relatam essas ocorrências com gravidade dramática. Além disso, relatórios de diversas fontes destacam baixos níveis de motivação dos trabalhadores. Esses níveis são amplamente inadequados para responder aos desafios competitivos e às múltiplas transições atuais.

Além disso, o senso de desconforto difundido nos ambientes de trabalho indica que as pessoas não se sentem no lugar certo e que a escuta de suas demandas deixa a desejar.

Provavelmente está faltando aquela mudança de mentalidade necessária para os protagonistas do trabalho. No entanto, em primeiro lugar, os gerentes precisam realizar com determinação um processo de transformação duradouro rumo à sustentabilidade.

Claridade e Inspiração: desafios do trabalho sustentável

Às vezes, ao ouvir, temos a impressão de que os fatores e condições que permitem o trabalho sustentável e o bem-estar das pessoas não são claros. Muitas vezes não são aprofundados e, como no jogo do Monopólio, prefere-se pular esta etapa para ir diretamente para a próxima casa, onde se lê: "o importante é promover iniciativas que ressoem com a sustentabilidade".

Em resumo, parece mais importante mostrar interesse pela Agenda 2030 e pelos critérios ESG do que ter internalizado seus princípios para orientá-los na ação.

Talvez seja necessária mais inspiração, pois relatórios frios sobre os KPIs escolhidos não são suficientes. Estes são necessários também, é claro. No entanto, o risco é que a abordagem de prestação de contas, como diria Mario Calderini, prevaleça sobre a abordagem transformadora e revolucionária da sustentabilidade, também no trabalho.

Pode ter um grande valor, dessa perspectiva, refletir sobre um pensamento que retiro de um ensaio de Alain Supiot. O jurista francês escreve que para ser realmente humano, o trabalho "deve dar ao homo faber a possibilidade de colocar uma parte de si mesmo no que faz, de dar corpo aos seus pensamentos, de realizar fora de si aquilo que concebeu dentro de si".

Inspiração e Co-construção: pilar do trabalho sustentável

Se conseguíssemos nos manter nessas poucas palavras, conseguiríamos grande inspiração para orientar o esforço de gerentes e funções de RH e construir um trabalho sustentável duradouro.

A reflexão que se origina do escrito de Supiot sugere que para ser sustentável o trabalho deve refletir, pelo menos em parte, o que somos em termos de personalidade. Além disso, o trabalho deve considerar nossas competências e aspirações. Caso contrário, o trabalho corre o risco de se tornar, na leitura marxista, apenas fonte de alienação.

Para que o trabalho possa refletir, pelo menos em parte, o que somos, é necessário, no entanto, que alguém esteja interessado em realizar uma ação de escuta das pessoas. Ademais, é essencial um design coerente do trabalho.

Como se dissesse que o trabalho não pode ser apenas dado e atribuído, mas deve ser co-construído para gerar bem-estar, motivação e satisfação, como algumas práticas eficazes nos mostram.

Existem áreas de trabalho nas quais nos deixar inspirar pelo pensamento de Supiot, talvez toquem todas as práticas de gestão de recursos humanos. Um terreno importante é certamente a formação, que não pode ser vivida apenas como uma exigência que vem de cima, devendo incorporar também as necessidades das pessoas.

Requalificação e Mobilidade: chaves para o trabalho sustentável

Programas de requalificação muitas vezes pulam a fase de escuta para ir diretamente para a entrega sem reciprocidade.

Outro campo interessante é o que diz respeito ao desenho das carreiras e à gestão da mobilidade profissional.

Seriam grandes oportunidades para implementar o trabalho sustentável recorrendo à alavanca do envolvimento e da participação, permitindo realizar fora de si o que se concebeu dentro de si.

Esta é a fronteira generativa que as práticas de gestão de recursos humanos devem atravessar para entrar no território do trabalho sustentável.

trabalho sustentável_foto do autor

Por Gabriele Gabrielli, CEO do Studio Gabrielli Associati Srl e People Management Lab s.r.l Società Benefit e Bcorp. É professor contratado da Universidade Luiss Guido Carli onde leciona Organização e Gestão de RH e Gestão de Pessoas e Recompensas. Seus trabalhos mais recentes são: Attraverso la Distanza, francoangeli, 2022 e Ridisegnare il Lavoro, francoangeli, 2022. Artigo publicado originalmente em 2024 na HR ONLine da AIDP – ‘Associazione Italiana per la Direzione del Personale‘.


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