Retorno ao escritório: o trabalho remoto e os desafios na retenção de talentos
O trabalho remoto, uma realidade amplamente adotada durante a pandemia, moldou as expectativas de milhões de trabalhadores em relação ao equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
Porém, à medida que as empresas tentam restaurar uma rotina pré-pandêmica, a resistência ao retorno ao escritório tem se intensificado. Um levantamento recente da empresa de consultoria Robert Half mostra que quase metade dos trabalhadores (49%) considera mudar de emprego caso sejam obrigados a retornar integralmente aos escritórios.
Esse número acende um alerta para líderes que enfrentam o desafio de alinhar interesses corporativos às expectativas dos colaboradores.
Trabalho e Felicidade: os benefícios do trabalho remoto e híbrido
A questão central não é apenas sobre onde o trabalho acontece, mas como ele é realizado. Pesquisas da Owl Labs mostram que profissionais remotos reportam um nível 22% maior de felicidade no trabalho em comparação aos que vão exclusivamente no escritório.
Além disso, um estudo da Gallup mostra que o trabalho híbrido é a modalidade preferida por 53% dos trabalhadores globais, pois equilibra flexibilidade e colaboração presencial. Consequentemente, forçar o retorno ao escritório sem justificativas claras pode gerar insatisfação e prejudicar a retenção de talentos.
As motivações das organizações para o retorno são compreensíveis e muito se argumenta que o presencial pode promover maior colaboração, criatividade e engajamento entre as equipes.
No entanto, pesquisas não sustentam completamente essa visão. Um estudo da Stanford University mostra que o trabalho remoto pode aumentar a produtividade em até 13%, além de reduzir o absenteísmo.
Flexibilidade vs. Controle: o dilema do retorno ao trabalho presencial
Empresas que insistem no modelo presencial completo podem, inadvertidamente, sacrificar esses ganhos em nome de um controle percebido, mas muitas vezes ineficaz.
A imposição do retorno parcial por empresas como a Meta reflete a tentativa de combinar o controle sobre as equipes com a colaboração presencial. No entanto, essa abordagem desconsidera as mudanças permanentes nas expectativas dos trabalhadores, que passaram a valorizar flexibilidade e autonomia.
Insistir em modelos tradicionais pode ampliar a insatisfação e aumentar o índice de turnover, especialmente em um mercado competitivo onde profissionais qualificados buscam empresas alinhadas às suas necessidades.
A resistência ao retorno também reflete um desejo por maior autonomia e qualidade de vida. Dados do Pew Research Center revelam que 64% das pessoas que adotaram o home office afirmam ter mais facilidade em equilibrar responsabilidades familiares e profissionais.
Em um mundo onde o bem-estar está no centro das prioridades, empresas que insistem em modelos rígidos correm o risco de não apenas perder talentos, mas também comprometer sua reputação.
Inovação e Flexibilidade: 0 futuro do trabalho
O caminho para o futuro do trabalho não é binário, mas sim é híbrido e adaptável. Organizações que priorizam a escuta ativa e a flexibilidade terão maior sucesso em atrair e reter profissionais talentosos.
Em vez de impor um modelo único, o diálogo e a inovação devem ser o centro das decisões organizacionais. Ao abraçar a mudança, as empresas não apenas se posicionam como líderes modernas, mas também criam um ambiente de trabalho mais satisfatório e produtivo para todos.
Por Marcello Amaro, CHRO da P3, uma plataforma de gestão de pagamentos para mais de 2000 empresas da América Latina.
🎧 Ouça o Episódio 180 do Podcast RH Pra Você Cast: A cada ano que passa, mais voltamos para o “velho normal”?
No episódio mergulhamos nas tendências que moldam o mundo do trabalho neste ano. Enquanto alguns colaboradores resistem a abandonar o trabalho híbrido ou o home office, muitas organizações anseiam pelo retorno ao “velho normal” – a jornada 100% presencial. Mas será que o “novo normal” está perdendo força?
O Debate: “Velho Normal” versus “Novo Normal”
- Trabalho Híbrido e Home Office: A resistência persiste. Alguns colaboradores adoram a flexibilidade do trabalho remoto, enquanto outros anseiam pelo ambiente do escritório. Como equilibrar essas preferências?
- Organizações e a Busca pelo Equilíbrio: As empresas estão reavaliando suas estratégias. O que é mais eficiente? O retorno total ao escritório ou uma abordagem híbrida? Luciana Carvalho, CEO e Fundadora da Chiefs.Group, compartilha insights valiosos.
- Alertas para Gestores: Além das questões de formato de trabalho, Luciana destaca outros desafios que os gestores enfrentam. Como manter a produtividade, a saúde mental e a conexão entre equipes?
Não perca esse episódio repleto de reflexões e dicas para líderes e profissionais de RH. Ouça agora! 🎧
Não se esqueça de seguir nosso podcast bem como interagir em nossas redes sociais: