A discussão sobre saúde mental no ambiente corporativo nunca foi tão relevante. Empresas ao redor do mundo têm sido pressionadas a oferecer benefícios que promovam o bem-estar emocional de seus colaboradores. Entretanto, um ponto essencial dessa equação muitas vezes é negligenciado: a responsabilidade individual sobre a própria saúde mental.

O Papel das Empresas: Importante, Mas Não Exclusivo

Sem dúvida, organizações desempenham um papel fundamental na criação de um ambiente saudável. Políticas de flexibilidade, cultura de apoio e acesso a programas de assistência psicológica são fatores que impactam diretamente o bem-estar dos profissionais. No entanto, atribuir exclusivamente às empresas a responsabilidade pelo equilíbrio emocional dos funcionários pode ser uma armadilha perigosa.

A realidade é que, mesmo com um ambiente corporativo ideal, muitos colaboradores continuam enfrentando desafios internos que vão além das condições oferecidas. O estresse, a ansiedade e o esgotamento não surgem apenas do ambiente de trabalho; são frutos de múltiplos fatores, incluindo hábitos pessoais, crenças limitantes e a maneira como cada indivíduo lida com desafios e frustrações.

Autorresponsabilidade: Um Pilar da Saúde Mental

A saúde mental, assim como a física, exige comprometimento e ação individual. Se um colaborador espera que apenas a empresa resolva seus problemas emocionais, corre o risco de se tornar passivo em relação ao próprio bem-estar. Aqui estão alguns pilares essenciais da autorresponsabilidade na saúde mental:

  1. Autoconsciência: Identificar gatilhos emocionais e compreender padrões de pensamento que contribuem para o estresse ou ansiedade.
  2. Gestão do Tempo e Prioridades: Saber dizer "não", evitar sobrecarga e equilibrar demandas profissionais e pessoais.
  3. Autocuidado: Alimentação adequada, sono de qualidade, prática regular de atividades físicas e momentos de lazer são indispensáveis.
  4. Habilidades de Resiliência: Trabalhar a capacidade de lidar com adversidades sem se deixar consumir por elas.
  5. Busca por Ajuda: Terapia, coaching e práticas de desenvolvimento pessoal devem ser vistas como ferramentas essenciais para uma vida mentalmente saudável.

O Relacionamento Líder-Colaborador e seu Impacto na Saúde Mental

Um dos fatores mais influentes no bem-estar emocional dos profissionais é a relação entre líderes e liderados. Estudos apontam que a qualidade da liderança pode ser determinante para reduzir ou potencializar o estresse no ambiente de trabalho.

Líderes que adotam uma abordagem humanizada e comunicativa criam espaços onde os colaboradores se sentem ouvidos e valorizados. Por outro lado, gestões autoritárias, falta de feedback construtivo e expectativas pouco claras podem gerar insegurança e sobrecarga emocional.

O papel do líder não é resolver os problemas emocionais de sua equipe, mas sim construir um ambiente onde os colaboradores tenham autonomia e segurança para gerir sua própria saúde mental. Isso inclui:

  • Estabelecer uma comunicação transparente e aberta, onde o colaborador se sinta confortável para expressar dificuldades sem medo de retaliação.
  • Fornecer feedbacks constantes e equilibrados, reconhecendo conquistas e apontando melhorias sem gerar estresse desnecessário.
  • Criar uma cultura de suporte e pertencimento, onde o colaborador se sente parte de um propósito maior.
  • Evitar micro gestão e incentivar a autonomia, permitindo que cada profissional desenvolva sua própria forma de equilibrar produtividade e bem-estar.

No entanto, cabe ao colaborador buscar esse diálogo e construir um relacionamento de confiança com a liderança. Muitas vezes, profissionais esperam que seus gestores percebam sinais de exaustão ou insatisfação sem comunicá-los de forma clara. A responsabilidade pela própria saúde mental também passa por saber pedir apoio quando necessário e estabelecer limites saudáveis.

O Equilíbrio Entre Empresa e Indivíduo

O ideal é que exista um equilíbrio entre as iniciativas das empresas e o engajamento dos colaboradores. Empresas podem (e devem) criar espaços de segurança psicológica, mas isso só terá real impacto se houver uma atitude ativa por parte dos profissionais. Não basta oferecer benefícios se os próprios funcionários não adotam comportamentos que promovam seu bem-estar.

A verdadeira mudança acontece quando indivíduos assumem o protagonismo da própria saúde mental. A empresa pode ser um suporte, mas a decisão de buscar equilíbrio, se conhecer melhor e adotar hábitos saudáveis é uma escolha pessoal e intransferível.

No fim das contas, sua saúde mental depende de você. A empresa pode contribuir, mas cabe a cada um assumir essa responsabilidade com seriedade e comprometimento. Afinal, ninguém pode fazer isso por você.

Profa. Dra. Fátima Motta, Sócia-Diretora da FM Consultores. É uma das colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação. 

Consciência Emocional é o maior desafio para os humanos seres que somos. É ela que nos diferencia dos animais e, pela dificuldade de construí-la, talvez seja o que gera maior problema nos relacionamentos, sejam eles profissionais ou pessoais.

As palestras, programas, treinamentos e mentorias que desenvolvemos têm sempre como objetivo fornecer ferramentas, metodologias e caminhos, para que você possa lidar com suas emoções de forma a gerenciá-las, criando e mantendo relacionamentos saudáveis, bem como tomando decisões acertadas.

Venha conhecê-las! WhatsApp ou no Site.