Antes de falarmos de semanas com menos dias, precisamos falar sobre coerência nos dias trabalhados, ou seja, design organizacional, ou um pedacinho do que representa o E, de ESG.
Antes de falarmos sobre a viabilidade/eficiência de campanhas de vacinação dentro das empresas, precisamos lembrar do compromisso social, ou seja, responsabilidade, uma parte do S, do ESG.
Antes de questionarmos se há conflito de gerações, precisamos falar sobre o encontro de gerações, ou seja, praticarmos a segurança psicológica, ou o que é necessário para a sustentação do G, do ESG.
Atenção, esse não é um texto sobre ESG, mas poderia ser. Afinal como vamos bater metas sem bater nas pessoas - depois de uma meta vem outra meta - e sem destruir o planeta que habitamos, sendo que, por enquanto, não há outro para habitarmos?
Inauguro minha coluna aqui, te provocando sobre algo que já poderia estar no topo da lista dos RHs, ou das equipes que cuidam de gente - do maior ativo de qualquer instituição/organização/empresa - os equipamentos de proteção individual e coletivos para a saúde mental.
Como assim? O que são? Como são? Como funcionam? Quem já usa?
Vamos lá: para trabalhadores da construção civil eu tenho botas e capacetes para evitar acidentes, certo?
Se numa indústria em que o barulho das máquinas ultrapassa 85 decibéis já é obrigatório o uso de protetor auricular, e a ergonomia visa reduzir os problemas ortopédicos - que também afastam as pessoas - cadê os EPIs da saúde mental?
Ora, eu também diria “uai”, se os problemas relacionados à saúde mental já fazem parte das três principais causas de afastamento do trabalho, cadê os EPIs da saúde mental?
Mesmo sentada, na frente do computador, sem nenhum risco de acidente aparente, nem perigo iminente, eu também posso adoecer?
Sim. Se não houver letramento e prática em segurança psicológica para líderes e liderados, se o direito à desconexão não for respeitado, se flexibilidade for uma utopia, se o design organizacional passar longe, entre outras práticas/regras e equipamentos que previnem o adoecimento mental, provavelmente teremos falta de clareza em funções, sobrecarga de trabalho para alguns, perda de talentos, falta de engajamento, perda de produtividade e de dinheiro.
Então, cadê os EPIs da saúde mental?
Depois de cansar de ver dados e prejuízos sobre a falta de saúde mental nos ambientes de trabalho, descruzei os braços e lancei o primeiro manifesto em prol da criação e implementação dos EPIs da saúde mental, em 20 de maio, dia do profissional de RH. E não porque a responsabilidade desse assunto é só das pessoas que acolhem diretamente as pessoas de uma empresa, mas para que o RH esteja comigo nesse capítulo da história. Aliás, não pense que foi fácil regulamentar os EPIs para os riscos físicos mesmo com danos visíveis a olho nu. Da criação do Ministério do Trabalho até a regulamentação dos EPIs foram cerca de 40 anos.
Na página EPIs da Saúde Mental você vai ver mais informações sobre a urgência de falarmos sobre o assunto.
E por que eu, uma especialista em comunicação, estou envolvida nisso?
Porque nos últimos seis anos, conversando com gestores e lideranças de empresas de diversos tamanhos no Brasil, Europa, África e EUA, posso garantir que é com a comunicação assertiva que vamos avançar para a cultura organizacional que tanto queremos, em que direitos e deveres são respeitados por todos!
Esse tema lhe parece necessário?
Vou adorar saber sua opinião!
Te espero em @izabellacamargoreal
Um abraço e até breve!
Izabella Camargo, continua a ser uma voz essencial no diálogo sobre saúde mental e bem-estar no ambiente corporativo, usando sua plataforma para educar, inspirar e promover mudanças positivas. É uma das colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.