Sabemos que a inovação corporativa é um motor essencial para o crescimento e competitividade das empresas. Segundo a 27ª Global CEO Survey – 2024, realizada pela PWC, 56% das lideranças acreditam que a tecnologia será a grande impulsionadora da transformação das companhias nos próximos anos, seguida por mudanças nas preferências dos consumidores (49%) e na regulamentação governamental (47%). Por outro lado, como apontam dados de um estudo feito pelo Boston Consulting Group (BCG) com mais de mil empresários em todo o mundo, somente 3% das organizações se sentem prontas para trabalhar a inovação como prioridade.
Esses dados atentam para uma realidade desafiadora: implementar estratégias de inovação não é uma iniciativa simples. Porém, muitas empresas não entendem isso e não dão a devida atenção ao tópico, o que faz com que muitos projetos falhem devido a erros evitáveis, que vão desde falta de planejamento até resistências internas.
Nesse sentido, um dos principais erros em inovação corporativa que podem comprometer o sucesso de uma companhia é focar apenas na tecnologia, ao invés do problema. Isso ocorre porque muitas organizações confundem inovação com adoção de tecnologia. Mas, ainda que IA, blockchain e IoT sejam importantes, é preciso lembrar que elas não são o objetivo final e o foco deve ser em resolver problemas reais e criar valor para o cliente. Logo, antes de implementar uma nova solução, é essencial mapear as suas dores e avaliar como ela agrega valor.
Outro erro é não fomentar uma cultura de inovação que incentive a criatividade. É importante entender que equipes que temem o erro ou trabalham em ambientes excessivamente burocráticos tendem a evitar riscos, consequentemente sufocando ideias promissoras. Portanto, é fundamental promover uma cultura que justamente tolere falhas e incentive a experimentação. Um exemplo de empresa que faz isso de forma efetiva é o Google, que reserva 20% do tempo dos funcionários para projetos inovadores.
Além disso, não medir o impacto da inovação também atrapalha – e muito – essa jornada. Diversas empresas falham ao não definir métricas claras para avaliar o sucesso de seus projetos de inovação, o que gera desperdício de recursos e dificuldade de justificar investimentos futuros. Para combater isso, é aconselhável utilizar métricas como ROI da inovação, tempo de lançamento no mercado e feedback do público para ajudar a medir o impacto em tempo real.
A resistência ao novo é também um grande obstáculo, visto que os times e líderes podem sentir que a inovação ameaça suas funções ou desvia recursos de operações essenciais. Por isso, é importante envolver todas as partes interessadas desde o início, além de oferecer treinamentos e celebrar as pequenas vitórias para aumentar o engajamento.
Outro erro é subestimar a velocidade das mudanças do mercado, que resulta na perda de oportunidades valiosas. Temos diversos exemplos ao longo da história que comprovam que inovar tarde demais é tão prejudicial quanto não inovar, como no caso da Nokia, que dominava o mercado de celulares, demorou a adotar o sistema operacional touchscreen e foi superada pela Apple e Samsung. Além disso, investir em análises de mercado para monitorar tendências e preparar respostas rápidas precisa ser padrão dentro das companhias para que não passem por isso.
Por fim, não escalar projetos de sucesso é um erro comum, mas que traz muitas consequências. As organizações costumam lançar inovações pontuais sem planejar a escalabilidade, o que limita demasiadamente o impacto. Não é novidade que projetos bem-sucedidos precisam de suporte para se tornarem soluções amplamente adotadas, por isso é fundamental planejar a escalabilidade desde o início, definindo recursos e processos para expandir rapidamente as iniciativas bem-sucedidas. Pense nisso!
Gustavo Caetano é fundador da Samba, especialista em soluções digitais simples, inteligentes e eficazes que impactam significativamente os resultados, proporcionam vantagens competitivas e perpetuam com maturidade os clientes no mercado. É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.