O engajamento das mulheres no ambiente corporativo cresceu em 2024, mas a desmotivação ainda é um desafio. De acordo com a 2ª edição do Engaja S/A, o primeiro índice nacional de engajamento do Brasil, realizado pela Flash em parceria com a FGV e o Grupo Talenses, o percentual de mulheres engajadas aumentou de 40% em 2023 para 44% em 2024. No entanto, 50% delas ainda se declaram desmotivadas com seus trabalhos.
A pesquisa também destaca que mulheres pretas são as mais engajadas (49%), superando homens pretos (46%), mulheres brancas (43%) e homens brancos (45%).
Os principais fatores que impulsionaram esse avanço foram a confiança na liderança e boas práticas de gestão, aprovadas por 54% das entrevistadas. Em comparação com 2023, a percepção positiva sobre a gestão subiu seis pontos percentuais, enquanto a confiança na liderança aumentou cinco pontos.
No índice Engaja S/A, a dimensão de confiança na liderança é composta por aspectos como: senso de propósito; confiança nas decisões da liderança; transparência e coerência; senso de inspiração e investimento em colaboradores. Já na dimensão de boas práticas de gestão é composta por: objetivos claros, simples e transparentes; processos de trabalho; cultura de feedback; valorização do colaborador e avaliação de desempenho.
Apesar do progresso nesses aspectos, os desafios permanecem. Na outra ponta, quando falamos de fatores de desengajamento, a falta de significado no trabalho (46%) e um ambiente corporativo pouco acolhedor (44%) figuram entre os principais motivos de insatisfação das mulheres. O significado do trabalho foi o fator que mais contribuiu para a desmotivação feminina em 2024, registrando um aumento de seis pontos percentuais das mulheres em relação a 2023.
Para Isadora Gabriel, CHRO da Flash, avanços em inclusão e desenvolvimento de carreira são notáveis, mas muitas empresas ainda falham em criar um ambiente onde as mulheres se sintam verdadeiramente valorizadas.
"A confiança na liderança não é apenas um pilar do engajamento das mulheres no ambiente corporativo – é um fator determinante para seu crescimento e permanência. Quando as mulheres percebem transparência, apoio e compromisso genuíno com a equidade, elas se sentem seguras para inovar, se destacar e construir carreiras sustentáveis dentro das organizações", destaca.
Respeito, equidade e acolhimento: diferenciais para o engajamento crescer
A cultura organizacional tem muito peso na construção de um ambiente que potencialize o engajamento e a motivação das profissionais. Um exemplo de cultura desenvolvida para acolher a todos os públicos é aplicado no CPQD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações). De acordo com Mário Felicio Neto, Gerente de RH do CPQD, a equidade é peça-chave para um ambiente que valorize a diversidade, a inclusão e acolha todos os públicos.
“Temos uma tabela salarial que considera requisitos, competência, cargos. O salário não difere por gênero. Qualquer diferença salarial interna só se manifesta quando é considerado o tempo de casa. Nosso estudo de transparência salarial explana que temos 98% de equidade salarial. Por que não é 100%? Porque ainda há mais homens do que mulheres. Nosso quadro, hoje, é formado em 30% por mulheres, o que é um número que queremos melhorar, mas que está acima de muitas empresas de tecnologia. Temos o compromisso firmado em ESG para fazer com que esse número chegue a 50% em 2030. Outro dado importante é que, dos 30% de mulheres no quadro da empresa, 25% estão em cargos de liderança”, destaca.
No final de 2024, o CPQD recebeu o Selo Empresa Amiga da Mulher, uma honraria da Prefeitura de Campinas destinada às organizações que se comprometem com a promoção e os direitos das mulheres. Neto salienta que na empresa, a prioridade com o bem-estar das pessoas é absoluta, o que contribui para que o público feminino possa desempenhar seu trabalho com confiança e tranquilidade. Aliás, como outro ponto de destaque, está um movimento que poucas empresas adere: a contratação de mulheres grávidas.
“A contratação de mulheres gestantes é muito natural. Se a profissional tem o fit da corporação e as skills que nós precisamos, é contratada. Se ela estiver grávida, é uma bênção, não um problema. Nós vamos apoiar em tudo o que for necessário para ela ter tranquilidade em sua gestação e em sua licença de seis meses – somos uma empresa cidadã. O ciclo inicial do filho com a mãe é muito importante. E com o pai também, por isso damos licença-paternidade de um mês. A pessoa estar grávida e ser contratada só tem, para nós, lado positivo. É parte da nossa cultura, que abraça as pessoas. Não é nem uma questão que levamos para o recrutamento”, finaliza.