Para se manter relevante e competitivo no mercado de trabalho, seja na atual empresa de atuação ou seja para encontrar um novo emprego, todo profissional precisa trabalhar no seu desenvolvimento. Ter um leque recheado de habilidades técnicas e comportamentais é um grande diferencial para conquistar gestores e recrutadores.

No entanto, se apenas os grupos de skills citados acima já trazem desafios para que sejam aprimorados, atualizados e realmente cumpram o seu papel de alavancar carreiras e negócios, imagine um cardápio de nomenclaturas que inclui mad skills, digital skills, green skills, power skills, entre outras. Por mais que alguns grupos compartilhem habilidades semelhantes ou idênticas, é muito fácil se perder ou até mesmo sentir pressão diante de um volume tão grande e quase sempre tratado como “obrigatório”. E agora, além de tudo, está no pacote aprender tudo sobre o mundo das infinitas novidades que as IAs vêm trazendo.

Ao menos, alguns estudos trazem um pouco de embasamento para que os profissionais guiem os próximos passos de sua evolução. No campo das habilidades comportamentais, há o exemplo da pesquisa ‘Observatório de Carreiras e Mercado’, realizada pela PUCPR Carreiras, que traz as skills que os respondentes acreditam ser mais relevantes e também as mais encontradas nas entrevistas de emprego. Capacidade de solucionar problemas foi a competência mais destacada tanto por empresas quanto por candidatos, enquanto comunicação oral, trabalho em equipe e relacionamento interpessoal também foram bastante lembradas.

De acordo com a Dra. Cristi Ford (capa), uma das maiores especialistas em educação online do mundo, e Vice-Presidente de Assuntos Acadêmicos da D2L, player global de tecnologia para aprendizagem, o excesso pode, de fato, ser prejudicial na jornada de desenvolvimento, que ainda conta com um elemento extra: a crença compartilhada de que 'as máquinas substituirão os humanos'.

“Infelizmente, coletivamente, estamos nos esmagando sob o peso dos conceitos e perdendo de vista o que estamos tentando fazer. Com a afirmação da IA generativa em nossas vidas, estamos em um ponto de inflexão em que precisaremos esclarecer a estratégia e a iteração que serão necessárias nos próximos anos para acertar isso. A verdade é que, embora as habilidades técnicas sejam importantes, são as coisas humanas que vão nos diferenciar. Pensamento crítico, resolução de problemas, criatividade e curiosidade intelectual — essas são as habilidades que as máquinas não conseguem replicar.”

A especialista elucida que os profissionais não devem focar na quantidade, mas sim no que faz sentido à sua realidade, carreira e organização. “Então, o que devemos fazer? Bem, em vez de perseguir cada habilidade nova e brilhante, vamos nos concentrar nas competências essenciais que realmente importam para nossas organizações. Escolha três, no máximo, e crie um plano sólido para desenvolvê-las. Precisamos ser estratégicos, não frenéticos, mas o ritmo de execução será fundamental”, orienta.

Skills obrigatórias do RH

Trilhas de aprendizagem

No oceano de skills em evidência, Cristi orienta que a tomada de decisões para escolher assertivamente quais estarão em foco seja compartilhada entre profissionais e empresas. Ou seja, ao mesmo tempo que as empresas não devem impor tudo aquilo que seus colaboradores devem aprender ou aprimorar, é fundamental que os profissionais não criem dependência do RH ou dos gestores, assim também sendo voz ativa no que acreditam fazer sentido para si. As trilhas de aprendizagem precisam ser moldadas de forma que favoreçam todas as partes.

A chave é encontrar um equilíbrio entre caminhos de aprendizagem estruturados e autonomia individual. Precisamos oferecer diretrizes e suporte claros, mas também dar aos funcionários a liberdade de explorar seus interesses e paixões. Queremos que os caminhos de aprendizagem sejam sem atrito e, às vezes, em nossa intenção de projetá-los para ajudar os funcionários a atingir uma meta, inadvertidamente criamos outras barreiras. Sou um grande fã de uma abordagem mais orgânica para a aprendizagem”, compartilha a educadora.

Ao citar uma “abordagem mais orgânica”, a executiva da D2L destaca a importância da promoção de uma “cultura de aprendizagem contínua”, o que traz aos funcionários a oportunidade de serem os responsáveis pelo seu desenvolvimento. Ela sugere programas de mentoria e de aprendizagem entre pares como alternativas a serem experimentadas. Além disso, Cris pontua o lifelong learning como peça-chave para que os profissionais estejam sempre atualizados.

“Michelle Weise (autora do livro “Long-Life Learning: Preparing for Jobs that Don't Even Exist Yet”) realmente acerta em cheio com o lifelong learning. Estamos nos afastando do antigo modelo ‘aprender, ganhar, se aposentar’. Agora, é mais como ‘aprender, ganhar, aprender, ganhar…’ É uma mudança fundamental. As organizações precisam se adaptar a essa nova realidade. Precisamos promover uma cultura de aprendizado contínuo, onde os funcionários estejam constantemente se aprimorando e se requalificando. E sejamos honestos, não se trata apenas do mercado de trabalho; trata-se também de crescimento pessoal e realização”, conclui.